Juízes

juizesO Livro de Juízes abrange a vida de Israel na terra prometida desde a morte de Josué até a ascensão da monarquia. De um lado, é um relato de apostasia freqüente, a qual provocava o castigo divino. De outro lado, trata dos apelos urgentes a Deus em momentos de crise, comovendo o Senhor a ponto de levantar líderes (juízes) por meio dos quais rechaçaria os opressores estrangeiros e restauraria a paz a terra.

Depois de Israel estabelecer-se na terra prometida por atuação de Josué, se finda a peregrinação. Muitas das promessas que Deus dera aos patriarcas em Canaã e aos pais no deserto, segundo a aliança, agora tinham sido cumpridas. A terra do Senhor, onde Israel devia descansar, já estava debaixo do paganismo. Viera à hora de Israel ser o reino de Deus na forma de uma nação estabelecida na terra.

Mas em Canaã Israel esqueceu-se rapidamente dos atos de Deus que o tinham gerado e estabelecido na terra. Em conseqüência, perdeu de vista a identidade singular de povo de Deus, escolhido e chamado para ser seu exército, e os cidadãos leais do seu reino que começava a surgir. Acomodou-se e se vinculou aos povos, costumes, deuses, crenças e práticas religiosas de Canaã tão rapidamente quanto se ajustou à vida agrícola e social dos cananeus.

Do começo ao fim de Juízes, a questão fundamental é o senhorio de Deus sobre Israel. Sua condição de rei sobre Israel tinha sido estabelecida de modo incomparável pela aliança do Sinai, posteriormente renovada pro Moisés nas planícies de Moabe (Deuteronômios 29) e por Josué em Siquém (Josué 24).

Autor e Data – Embora segundo a tradição, Samuel tenha escrito o livro, a autoria é na realidade incerta. É possível que ele tenha coligido alguns dos relatos do período dos juízes e que profetas como Nata e Gade, associados a corte de Davi, tenham participado da formulação e organização do material (I Crônicas 29:29).

A data da composição é desconhecida, mas provavelmente remonta ao período da monarquia. A expressão freqüente “naquela época não havia Deus em Israel” faz supor uma data após o estabelecimento da monarquia. Segundo Champlin, alguns estudiosos crêem que este livro foi escrito durante os anos do reinado de Saul, chegando mesmo a asseverar que Samuel foi o mais provável autor do livro. Os fatos contidos neste livro variam de 1040 a 1083 a.C.

Propósito – O autor tinha um plano bem definido ao escrever este livro (Juízes 2:11-23): Primeiro, ele diz até que ponto progredira a guerra contra os cananeus; quais tribos de Israel tinham obtido êxito e quais tinham falhado, não conseguindo  dominar determinadas regiões. Segundo, ele afirma a tese de sua teologia histórica, a saber, que o povo de Israel ia bem quando obedecia a Yahweh, mas ia mal quando desobedecia. A apostasia aparece como o principal impedimento ao pleno sucesso de Israel (Juízes 2:13). O castigo era imposto aos desobedientes (Juízes 2:15), mas quando se arrependiam, novamente as coisas corriam bem (Juízes 2:16,23). Ele conclui com a melancólica observação de que, durante aquele período, predominava o caos, pois cada um fazia o que lhe parecia melhor, não havendo um governo central que unificasse as coisas (Juízes 21:25).

O Livro de Juízes – Este livro recebe seu nome de treze homens que foram levantados para livrar Israel, por ocasião do declínio e da desunião que se seguiram à morte de Josué. Através daqueles homens, Yahweh continuou governando pessoalmente o povo de Israel. O versículo chave é Juízes 17:6.

Título do Livro – Deriva-se diretamente da Vulgata Latina, Líber Judicum, que se deriva, por sua vez, do título do livro aplicado pela Septuaginta, Kritai (Juízes). E o título hebraico é “shophetim”, que também significa Juízes. Quem foram os juízes? Eles não foram reis nem exerceram domínio sobre todo o território de Israel. Antes, foram apenas heróis locais que livraram porções desse território de seus opressores estrangeiros.

Esboço do Conteúdo:

1- Período antes dos Juízes (1:1-2:5) – condições sociais, políticas e religiosas.

2- Descrições de Juízes específicos (3:7 – 16:31) – relaciona cada um deles.

3- Apêndices (17:1 – 21:25) – a idolatria de Mica e Dã. O crime de Gibeá e seu castigo.

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *

*