Quem foi Esdras? Um sacerdote hebreu do período persa, que residia na Babilônia. Liderou a segunda expedição de judeus que retornou do cativeiro babilônico. Era descendente de Finéias, neto de Aarão (Esdras 7:1-5).
O seu título de “escriba” pode significar que ele era secretário oficial na corte persa, sendo uma espécie de conselheiro real, em questões pertinentes aos judeus cativos. Nada se sabe sobre o começo de sua vida, a não ser sobre o que fez, em um momento crítico da história de Israel, onde se sentiu impelido a ajudar seu povo a voltar à Palestina o que foi feito quando comissionado pelo rei.
Autoria e data – É bem visível que os estilos, abordagem, propósito e repetição de usos verbais apontam para um compilador que trabalhou sobre os livros de Crônicas, Esdras e Neemias, como se formasse uma só unidade; portanto se Esdras foi o autor, então atuou quase sempre como compilador de materiais já existentes.
A tradição judaica atribui a obra inteira a Esdras, mas a maioria dos eruditos atribui a um compilador anônimo, pelo que não há como chegar a uma conclusão sobre a questão da autoria com base em que:
1) Reúne a memória de Esdras (Esdras 4:27-9:15).
2) Reúne as memórias de Neemias (Neemias 1:1-7:5; 11:27-43; 13:4-30).
3) Documentos em aramaico (Esdras 4:8-24), que pertencem a um período um pouco anterior ao primeiro capítulo do livro de Neemias.
4) Depois disso, temos a porção narrativa do próprio autocompilador, procurando reunir todo esse material e unificar as diversas inserções feitas.
Data: As várias datas atribuídas ao livro dependem da identidade do rei Artaxerxes I ou Artaxerxes II, isso cria uma diferença de cinqüenta anos, de 458 a.C. a 395 a.C.
Esboço do conteúdo – O livro de Esdras possui dez capítulos e 280 versículos e dividi-se em duas partes principais:
I) Retorno dos Exilados sob Zorobabel (1:1 –6:22)
1- Retorno dos primeiros cativos (1:1 – 2:70)
- a) Ciro favorece os judeus com seu decreto (1:1-11)
- b) A lista dos exilados (2:1-70)
2- A adoração judaica é restaurada (3:1 – 6:22)
- a) O templo é reconstruído (3:1 – 6:15)
- b) A dedicação do Templo (6:16-22)
- II) Reformas de Esdras – O Reinício de Israel (7:1 – 10:44)
1 – A segunda leva de exilados (7:1 – 8:36)
2 – Divórcio forçado das esposas estrangeiras: a purificação (9:1 – 10:44)
Características Gerais
1 – Esdras, o primeiro dos livros dos tempos do pós-cativeiro (Esdras, Neemias, Ester, Ageu, Zacarias, Malaquias), registra o retorno à Palestina, sob Zorobabel, por decreto de Ciro, de um remanescente judeu que lançou os alicerces do templo em cerca de 536 a.C. Em 458 a.C., Esdras também volta à Terra Prometida, restaura a lei e o ritual. Mas a maioria dos príncipes permaneceu, por preferência pessoal na Babilônia e Assíria, onde estavam prosperando.
2 – A unidade: Esdras e Neemias, na Bíblia Hebraica, formam um único volume. A separação em dois livros ocorreu primeiro na tradução da Septuaginta (segundo a lenda do segundo século a.C. de que 72 anciãos de Israel traduziram a Bíblia Hebraica para o grego em menos de 72 dias) e esse arranjo foi seguido por traduções posteriores.
3 – A Literatura de Esdras – Esdras e Neemias soa muitas vezes intitulados I Esdras e II Esdras. Porém, além destes, há entre os não canônicos e apócrifos, o Livro de I Esdras, também conhecido com III Esdras; e II Esdras, também conhecido como IV Esdras ou Apocalipse de Esdras. Como é claro, Esdras não escreveu nenhum desses livros, mas parte de seu material escrito, está contido do livro original de Esdras e Neemias.
4 – O Texto – Quase uma quarta parte do Livro de Esdras foi escrito em aramaico, o idioma semita (Do oriente: Acádico, babilônico, assírio. Do norte: aramaico, siríaco e mandeano {escrita do Talmude Babilônico}. Do Sul: árabe, dialetos modernos, inscrições etíopes, etc).
As seções escritas em aramaico constituem vinte e sete dentre duzentos e oitenta versículos. Essas seções são Esdras 4:8 – 6:18 e 7:12-26 e uma porção em hebraico (Esdras 7:1-10; 7:27 – 10:44).
O material desses versículos foi copiado principalmente da correspondência oficial em que o aramaico era linguagem padrão da época.