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I e II Samuel

I e II Samuel recebem o nome da pessoa que Deus usou para estabelecer a monarquia em Israel. Samuel não somente ungiu Saul e Davi, os dois primeiros reis em Israel, mas também deu definição à nova ordem do governo de Deus sobre Israel. A importância de Samuel como representante de Deus nesse período da história de Israel assemelha-se a de Moisés (Salmos 99:6; Jeremias 15:1), visto que ele, mais que qualquer outro, preservou a aliança na transição dos juízes para a monarquia.

Eles eram a princípio um único livro. Foi dividido em duas partes pelos tradutores da Septuaginta (a tradução do AT em grego), quando passaram a se chamar “Livros dos Reinos” (gr. Bíbloi baseleiõn).

Estes livros falam da transição do povo de Israel da teocracia para a monarquia. A teocracia iniciada no Livro do Êxodo, instaurada na Terra Prometida e teve continuidade até os dias do próprio Samuel que atuava como o agente escolhido por Deus para representar a teocracia. Os livros de Samuel assinalam um período histórico todo especial na nação de Israel. Organizacionalmente, a nação galgou um degrau na evolução de sua história; espiritualmente, porém, houve algum retrocesso, que só será anulado por ocasião da segunda vinda do Senhor. Todavia, como o Senhor nunca é frustrado em seus planos eternos, a monarquia, afinal acabou contribuindo para que o palco fosse armado para a primeira e a segunda vinda do Senhor Jesus Cristo.

Autor e Data – Certas características literárias levam a crer que seja uma compilação de várias fontes documentárias independentes a princípio, as quais o autor possa ter incorporado a sua composição, conservando, a medida do possível, a forma original e irretocada delas.

É claro que Samuel não pode ter escrito esta obra inteira, porque ele morreu quando Saul ainda era rei; assim Samuel não pode ter acompanhado nem mesmo o começo do reinado de Davi, cujo governo se ocupa o livro de II Samuel. Segundo Champlim diz: ”preferimos ficar com a idéia de que o âmago dos livros de I e II Samuel consiste nas crônicas históricas de Samuel, Natã e Gade”. E então, algum autor-compilador-editor, desconhecido, formou a obra com base nos escritos daqueles três, utilizando-se também do Livro dos Justos (II Samuel 1:18).

Com relação à data, ela depende muito da autoria que é incerta, todavia os estudiosos crêem que o mesmo teria sido escrito no século X a.C.

Conteúdo e Tema – II Samuel retrata Davi como representante genuíno (porém imperfeito) do rei teocrático ideal. Davi foi inicialmente aclamado rei em Hebrom pela tribo de Judá (caps. 1-4) e depois aceito pelas demais tribos após o assassinato de Is-Bosete, um dos filhos sobreviventes de Saul (5:1-5). A liderança de Davi foi decisiva e eficaz. Capturou Jerusalém dos Jebuseus e fez dela sua capital e residência (5:6-14). Pouco depois, tirou a arca do Senhor de Abidanabe e a levou a Jerusalém, e assim reconheceu publicamente a soberania e o governo do Senhor sobre ele mesmo e sobre a nação (capítulo 6; Salmos 132:3-5).

No reinado de Davi, o Senhor fez a nação prosperar, derrotar seus inimigos e,em cumprimento às promessas divinas (Gênesis 15:18), ampliar suas fronteiras do Egito até o Eufrates (capítulo 8). Davi queria construir um templo para o Senhor – uma casa real, local para o trono divino (a arca) e lugar para Israel prestar culto. Mas o profeta Natã disse a Davi que não devia construir uma casa (templo) para o Senhor; pelo contrario, o Senhor construiria uma casa (dinastia) para Davi. No capítulo 7 proclama a promessa do Senhor de que essa dinastia davídica duraria para sempre. Este capítulo de vital importância trata, também, do estabelecimento da aliança davídiva (Salmos 89:34-37), aliança que promete a vitória definitiva sobre o maligno por meio da descendência de Eva (Gênesis 3:17).

Essa promessa – que estivera centrada em Sem e nos seus descendentes (Gênesis 9:26-27), e depois em Abraão (Gênesis 12:2-3; 13:16; 15:5) – agora focaliza especificamente a família real de Davi, posteriormente, os profetas deixam claro que um descendente de Davi, sentado no trono de Davi, desempenharia com perfeição o papel do rei teocrático. Completará a redenção do povo de Deus (Isaias 9:6-7; 11:1-16; Jeremias 23:5-6), capacitando este povo, assim, a conquistar com Ele a vitória prometida (Romanos 16:20).

Depois de tratar do reinado de Davi, na sua glória e sucesso, os cap.10 a 20 retratam o lado mais sombrio do seu reinado, ocupando-se das fraquezas e dos fracassos de Davi. Embora Davi continuasse a ser rei, segundo o coração de Deus, porque estava disposto a reconhecer o seu pecado e a arrepender-se (12:13), ficou muito aquém do ideal teocrático e sofreu os resultados disciplinares da desobediência (12:10-12). Seu pecado com Bate-Seba (capítulos 11 e 12) e sua indulgência tanto com a iniqüidade dos filhos (13:21; 14:1, 33; 19:4-6), quanto com a insubordinação de Joabe (3:29,39; 20:10,23) levaram a intrigas, violência e derramamento de sangue dentro da própria família e nação. Acabou sendo expulso de Jerusalém na rebelião de Absalão. Mesmo assim, o Senhor foi misericordioso para com Davi, e o seu reinado veio a servir de padrão de medida para avaliar os reinados posteriores (II Reis 18:33; 22:2).

O Livro termina com as palavras do próprio Davi em louvor a Deus, que o livrará de todos os seus inimigos (22:31-51). E com palavras de expectativa pela promessa de Deus de que virá um rei da casa de Davi que “governa o povo com justiça”. (23:3-5). Esses cânticos ecoam muitos dos temas do cântico de Ana (I Samuel 2:1-10) e juntamente formaram a moldura e a interpretação da narrativa básica.

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