Autoria: Apesar de ter sido considerado homem inculto e iletrado (Atos 4:13), Pedro escreveu uma epístola de alto nível. Talvez aquele rótulo advenha do fato de Pedro não ter freqüentado as universidades gregas da época, nem ter sido um escriba ou doutor da lei. Contudo, isso não significa que ele fosse analfabeto e ignorante. Se lhe faltava muito da vasta cultura grega, o mesmo não se pode dizer quanto ao idioma, pois o grego era falado por todas as classes sociais. Além disso, falava o aramaico e talvez o hebraico. Como todo bom judeu, Pedro tinha todo o conhecimento da lei de Moisés e demais Escrituras do Velho Testamento.
Data: Os comentaristas sugerem datas entre 63 e 68 d.C. O ano mais indicado é 64.
Destinatários: Cristãos dispersos na Ásia Menor (judeus e gentios) – 1:1; 2:10.
Circunstância: A carta foi escrita numa época de grande perseguição imperial contra a igreja após o incêndio em Roma. No período em que Pedro escreveu, os perseguidores passaram a ser os gentios (4:3-4, 12).
Características: O livro é exortativo, consolador, cristológico, “cristocêntrico”. Observamos que Tiago quase não cita Jesus em sua carta. Pedro, porém, cita-o a todo o momento. Aquele que o havia negado, agora tem no seu nome a base de sua doutrina.
Pedro apresenta Jesus como:
. Fonte de esperança – 1:3
. Cordeiro do sacrifício – 1:19.
. Pedra angular – 2:6
. Exemplo perfeito – 2:21-23.
. Aquele que levou nossos pecados – 2:24
. Sumo pastor – 2:25.
. Bispo das nossas almas – 2:25
. Assentado à destra de Deus – 3:22.
Propósito da carta: Firmar, orientar, confortar.
Para os irmãos atribulados, Pedro oferece uma palavra de esperança, menciona os fundamentos da fé cristã e o que Deus tem para nós no futuro. Quando as tribulações se multiplicam, é bastante oportuno que essas verdades sejam mencionadas para renovação da fé e do ânimo. A obra de Cristo no passado (1:3) e a herança cristã no futuro (1:4-5) são mencionados como estímulo para se enfrentarem as dificuldades presentes (1:6).
Em tais circunstâncias, é necessário que nos lembremos de quem somos. Nossa identidade pode estar sendo questionada pelos homens, pelo diabo (Mateus 4:2) ou até mesmo por nós mesmos. Pedro então enfatiza essa realidade espiritual que, muitas vezes, é desafiada por uma realidade aparente adversa. Ele utiliza enfaticamente o verbo ser: “Não éreis povo…”; “Agora sois… povo de Deus, geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido…” (2:9-10). “Sois guardados, mediante a fé, para a salvação.” (1:5). “Sois edificados como casa espiritual.” (2:5).