A missa na Paróquia Nossa Senhora da Glória, no bairro Eldorado, em Contagem, na região metropolitana da capital, começa pontualmente às 19h. No entanto, logo durante a leitura com as intenções da celebração – antes mesmo da entrada do padre, dos ministros da eucaristia e de coroinhas – surge o primeiro aviso: um pedido para que todos desliguem os celulares. As restrições não param por aí. Um cartaz afixado na porta da igreja desde o ano passado pede para que mulheres evitem usar decotes, minissaias e vestidos curtos quando forem às celebrações. Além disso, ele solicita que as pessoas não fumem nos arredores da igreja. As recomendações têm dividido a opinião de católicos e moradores da região.
“A gente cobra, porque se não cobrar, as pessoas esquecem. Assim, como um pai educa o seu filho”, justifica o padre Gustavo Nascimento, 67, que teve a ideia de fazer o cartaz para recomendar o que acredita ser uma conduta mais adequada para os frequentadores da paróquia, onde trabalha há 38 anos.
Um segundo cartaz ainda informa: “não temos banheiro público”. De acordo com o sacerdote, essa foi uma maneira de dar orientações básicas às pessoas. “Em qualquer lugar público, tem que colocar algumas normas para as pessoas que vêm despreparadas. Depois que melhoraram a praça (da Glória), vem gente de todo tipo aqui, e com a roupa que está. Isso assusta quem está na missa”, disse o padre.
Recentemente, cerca de 20 pessoas assistiram à missa na paróquia. Três delas desobedeceram a recomendação, já que seus telefones tocaram durante a cerimônia religiosa. Uma das pessoas chegou a atender e sair da igreja falando ao telefone. O padre, por sua vez, manteve-se inerte sentado em frente ao altar, com os braços cruzados. Muitos se sentiram incomodados, mas disfarçaram.
O estudante Ramon Fernandes Viana, 18, era um dos presentes. Foi a primeira vez que ele participou de uma celebração na igreja do bairro Eldorado. Viana concordou com a necessidade das recomendações. “Não sei se as pessoas entendem a importância de seguir essas regras (do cartaz), já que o que mais tem é telefone tocando durante as missas”, afirmou.
Um segundo aviso ainda é dado pouco antes do momento da comunhão – quando a hóstia é distribuída aos fiéis. Todos foram orientados a só comungar se estivessem com “veste digna”.
“O padre é muito conservador. Se tiver de decote, ele não dá a hóstia sagrada”, disse a dona de casa Raimilda Medeiros, 60.
Arquidiocese
Autonomia. A assessoria da Arquidiocese de Belo Horizonte informou que a orientação da Igreja Católica aos párocos é de que tomem decisões levando em conta o bom senso e os valores cristãos.
(FilhosdeDeus)
Fonte: Gospel Geral