Um levantamento realizado durante a Marcha Para Jesus na última quinta-feira, 15 de junho, mostrou que a maioria dos evangélicos presentes no evento não confiam em políticos como Lula (PT), Geraldo Alckmin (PSDB), Jair Bolsonaro (PSC) e Marina Silva (REDE).
A pesquisa, com margem de erro de 4,5% – uma das mais altas em relação às pesquisas eleitorais, por exemplo – foi realizada por um grupo de professores de Ciências Sociais das universidades Federal de São Paulo (Unifesp), e de São Paulo (USP), com apoio da Fundação Friederich Ebert.
De acordo com informações do Uol, foram entrevistados 484 participantes da Marcha Para Jesus, uma amostragem que pode ser considerada ínfima diante do universo pesquisado, já que os evangélicos no Brasil somam aproximadamente 50 milhões de pessoas, de acordo com pesquisas recentes.
Os coordenadores da pesquisa foram os professores Esther Solano, da Unifesp, e Marcio Moretto Ribeiro e Pablo Ortellado, da USP. Pelo relatório apresentado na matéria do Uol é possível notar que a pesquisa adotou uma abordagem polêmica, de viés esquedista, já que uma das perguntas sobre política envolveu a PEC do Teto, sugerindo que a medida adotada em 2016 para estabelecer um parâmetro de gastos públicos significava automaticamente redução de investimento em saúde e educação.
Sobre a confiança nos políticos, os evangélicos presentes na Marcha disseram que têm restrições às atuais lideranças políticas nacionais, sejam elas evangélicas ou não: 83,7% disseram nao confiar em Lula; 61,4% não confia no governador Geraldo Alckmin; 57,4% desconfia de Jair Bolsonaro; 57% têm desconfianças em relação a Marina Silva (evangélica).
Além das figuras envolvidas com especulações sobre a disputa das próximas eleições presidenciais, em 2018, os evangélicos também demonstraram-se reticentes em relação à possibilidade de depositar confiança em outros políticos do meio evangélico. 54,1% dos entrevistados disseram não confiar em Marco Feliciano; e 53,9% também desconfiam de Marcelo Crivella, prefeito do Rio de Janeiro e bispo licenciado da Igreja Universal.
Perguntados se em momentos de crise “o governo precisa cortar gastos, inclusive em saúde e educação”, 91,9% dos entrevistados disseram que não, e 6,8% disseram que sim. No entanto, a pergunta adota uma interpretação parcial da chamada PEC do Teto, que estabeleceu um parâmetro de gastos pelos próximos 20 anos a partir do que se arrecadar: se o país crescer, aumentam obrigatoriamente os investimentos em termos de valores.
Os responsáveis disseram que a pesquisa levou em consideração as “identidades políticas, guerras culturais e posicionamento frente a debates atuais sobre política” dos entrevistados, todos acima de 16 anos.
A maioria dos evangélicos que participaram era de mulheres (55,6%), com ensino médio completo e superior completo (respectivamente, 39,3% e 30,8%), e renda familiar de três a cinco salários mínimos (28,7%). A maior parte se considera “muito conservadora” (45,5%). 39,9% disseram considerarem-se “nada antipetista”, diante de 36,8% que se declararam abertamente serem “muito antipetista”.