A pornografia já é tratada em alguns países do mundo como problema de saúde pública, uma vez que as pessoas que se tornam viciadas veem os efeitos do consumo constante de material pornográfico em outras áreas, como problemas de ansiedade, disfunção erétil e/ou fobia social.
Atualmente, os pesquisadores sobre o tema vêm expandindo seus estudos para descobrir a que ponto a pornografia influencia a vida das pessoas. Há uma linha de pensamento que entende que o cérebro humano sofre com o vício em vídeos e fotos de sexo explícito da mesma forma que com a cocaína, por exemplo.
Embora os estudos sobre o assunto ainda não tenham avançado de forma significativa – o que gera poucas certezas – há levantamentos realizados por pesquisadores internacionais que apontam que entre 50% e 99% dos homens com acesso à internet gostam ou são compelidos a acessar material pornográfico em sites dedicados a isso.
De acordo com informações da revista Veja, no caso das mulheres, o percentual é um pouco menor, mas não menos preocupante: entre 30% e 86% acessam o mesmo conteúdo. “Os dados são semelhantes no Brasil. É fato que o uso da pornografia pode colaborar para uma vida sexual mais saudável. Os vídeos podem ajudar, por exemplo, a fazer com que uma pessoa conheça melhor o próprio corpo, o que dá prazer”, contextualizou a jornalista Natalia Cuminale.
A reportagem da revista destaca, no entanto, que “é crescente o número daqueles que enfrentam o lado negativo da pornografia”. Os pesquisadores estimam que um a cada dez pessoas que consomem material pornográfico não consegue parar de acessá-los de maneira nenhuma.
Em fóruns da internet, com a garantia do anonimato, muitos viciados, por assim dizer, contam suas agruras resultantes da pornografia, causadas pela compulsão. “A pornografia me deixava depressivo preguiçoso. Era uma verdadeira batalha para levantar e encarar o dia. Chegava a ponto de evitar muitas situações sociais, a não ser que estivesse bêbado. Agora, longe totalmente dos vídeos, passei a toneladas de energia. Inclusive para transar”, narrou um participante de um fórum online dedicado ao assunto.
A dificuldade é tanta que, mesmo sem influência de religião, um movimento surgiu pregando abstinência completa da pornografia. A motivação? Voltar a sentir prazer com corpos reais. O nome do movimento é “porn-reboot”, que numa tradução livre pode ser entendida como “reinicialização à pornografia”. A ideia já tem milhares de seguidores em todo o mundo.
“Os adeptos descrevem os benefícios sociais, físicos e mentais da abstinência”, frisa Natalia Cuminale em sua matéria para a Veja. O biólogo Gary Wilson, da Universidade Soutern Oregon, é defensor da interrupção por completo: “De dois a seis meses longe da pornografia impactam positivamente na vida social, afetiva e, sobretudo, sexual”.
Já se sabe que, dentre os efeitos colaterais do excesso de pornografia, estão o estresse, a depressão e a ansiedade, assim como problemas relativos à satisfação sexual e amorosa.
Um problema ligado à pornografia, masturbação, pode gerar problemas adicionais, como ereções instáveis, dificuldade de excitação com parceiras reais e também com o orgasmo. “Ou seja, quando estão entre quatro paredes, fica difícil reproduzir a perfeição alcançada pela combinação de estímulos visuais da pornografia e dos movimentos mecânicos da masturbação, no ritmo e intensidade ideais”, concluiu a jornalista, resumindo a constatação dos estudos sobre o tema.
Veja um infográfico sobre os problemas causados pela pornografia: